Vale a pena ser feliz

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Ópera Francesa - romantismo - continuação

Jacques Offenbach (1819- 1880) foi considerado pela crítica como o "Liszt do violoncelo", e ele não só se dedicou a compor várias obras para esse instrumento, bem como participou de uma série de concertos nas principais capitais européias.

Na corte londrina, apresentou-se para a Rainha Vitoria I e o príncipe Alberto.

Mas o que lhe trouxe fama foram as suas operetas (óperas alegres) que satirizavam as fragilidades políticas da época (Napoleão III). Sua primeira opereta foi "Pepito", em 1844.

Em 1875 já havia composto 90 operetas, sendo a maioria delas com libreto do escritor francês Ludovic Halévy. Suas obras mais famosas são “Orfeu no Inferno”(1858), com o seu famoso cancam, “Os Contos de Hoffmann(1880) que tem a famosa barcarolas." Os Contos de Hoffmann" pode ser considerado como uma ópera.

Natalie Dessay canta da ópera "Contos de Hoffmann" o trecho de "Les oiseaux". Ver link abaixo:
http://www.youtube.com/watch?v=e1k5l4oiCEc

A soprano Liudmilla Shiikhova canta a ária de Olympia (Canto da Boneca) da ópera "Contos de Hoffmann".


A brasileira Carla Mafioletti, integrante da Cia de André Rieu, canta a mesma ária da boneca. Confira:


Orfeu no Inferno("Orphée aux Enfers") é uma opereta que fez e faz muito sucesso.Foi apresentada em São PAulo, dirigida por Mauro Wrona, em 2007 esta opereta,já com tradução. Acho que a amostra é necessária ver.
Em primeiro vamos ver o Dueto da Mosca, com a soprano Gabriella Rossi e o barítono Pedro Ometto.


Agora é o Dueto do Concerto com a soprano Gabriella Rossi e o tenor Luiz Guimarães.
Versão brasileira da ópera "Orphée aux Enfers" de J. Offenbach, apresentada pelo Projeto Ópera Estúdio da ULM, dirigido por Mauro Wrona.
Com a Orquestra Jovem do Estado de São Paulo, sob a regência de João Maurício Galindo.
Apresentada em Novembro de 2007, no Theatro São Pedro, São Paulo.


O famoso CanCan.


Com as suas operetas ele serviu de gênero para J.Strauss Fº, Arthur Sullivan e Franz Lehár. Offenbach não consueguiu ver a estréia dos “Contos de Hoffmann” pois faleceu antes.

Georges Bizet( 1838- 1875), Georges Alexandre César Léopold Bizet foi um compositor francês da época do romantismo. Suas obras mais conhecidas são as óperas "Carmen" e "Les pêcheurs de perles" ("Os pescadores de Pérolas"). "Carmen" tem sucesso até hoje e é considerada uma obra revolucionária.
Julia Migenes canta Carmen, na mais famosa ária.


Joanna Touliatou e Franco Tenelli na famosa "Seguidille" da ópera Carmen.


Em 1857, Bizet obteve o primeiro prêmio do Prix de Rome, uma competição instituída na França na categoria de composição musical, e que lhe valeu uma estadia de 3 anos na Itália.

Regressou a Paris em 1861 e, apesar de ver o seu talento reconhecido por muitos, raramente obteve o sucesso que almejava.

A primeira obra a ganhar popularidade foi a música incidental da peça "L'Arlésienne", composta em 1872, apenas 3 anos antes da morte do compositor.

Jules Massenet (1842- 1912) consolidou-se como compositor com a apresentação do oratório” Marie-Madaleine”, em Paris. Ele compôs, além de balés, suítes sinfônicas, concerto para piano e várias melodias, 26 óperas.

São por estas últimas composições que Massenet ficou conhecido, destacando-se “Manon” (1884), “Le Cid” (1885), “Werther” (1892), “Thaïs” (1894) e “Don Quichotte” (1910).

Outros links afins:
http://operaedemaisinteresses.blogspot.com/2008/12/fleming-protagonista-de-thas-de-jules.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tha%C3%AFs
http://www.sabercultural.com/template/musicas/MassenetMeditacaoSolo.html
http://200.194.222.32/produto/6/21435254/jules+massenet:+manon-+importado+-+duplo

O vídeo mostra o começo do 1ºAto de Manon, apresentada em Viena em 2007, com Anna Netrebko.

Ambroise Thomas, (Charles Louis) ( 1811 - 1896) foi um compositor de ópera e professor de música, conhecido pelas suas óperas, "Mignon" (1866), "Hamlet" (1868, de Shakespeare) e como diretor do Conservatório de Paris (1871-1896). Escreveu inúmeras óperas e outras composições musicais, como também música para balé.

A ária "Je suis Titania", cantada por Ruth Welting da ópera "Mignon".


Da mesma ópera e ária "je suis Titania la Blonde",canta a soprano francesa Annick Massis.Ver no link:http://www.youtube.com/watch?v=ffAvVf4_jOM

Leo Delibes(1836-1891), Clément Philibert Léo Delibes é o maior compositor francês de música para balé. Especializou-se nas óperas cômicas e operetas (de temáticas leves), embora tenha sido reconhecido também pelas suas óperas sérias.

Só depois de muitos estudos e composições, teve sua chance em ser fazer reconhecido com a apresentação, em 1866, da sua obra “Alger” para Napoleão III, que o aplaudiu.

Estreou a ópera "Lakmé" (1883), umas das mais brilhantes e elogiadas. Essa obra ganhou rápida notoriedade e ficou, à época, tão famosa quando "Carmem", de Bizet.

A ária chamada de 'Mallika, Viens ...' da ópera'Lakmé', apresentada em animação.Ver abaixo:


Amira Selim canta a ária de Lakmé "Les fleurs me paraissent plus belles..Pourquoi" no ato 1º.

Vale a pena ver outros trechos da ópera:

http://www.youtube.com/watch?v=QpbZvszWs1I

http://www.youtube.com/watch?v=CX-6Ej2lnwg&feature=player_embedded
http://www.youtube.com/watch?v=gkc4zYUp9A4
http://www.youtube.com/watch?v=bsCp6iP7KrA
http://www.youtube.com/watch?v=ju-oCQxZ9hs

E por último Anna Netrebko com Elina Garanca:


Sua última ópera, "Kassya", foi orquestrada por Jules Massenet, após sua morte. Delibes morreu em Paris, de causa desconhecida.

Jacques-François Fromental Elias Halévy (1872-1962) nasceu em Paris, numa família judaica com raízes na Espanha pré-inquisitória. Ele ingressou no conservatório aos 11 anos e tornou-se o aluno favorito do compositor italiano operístico Cherubini.

Ao vencer o prestigioso Prix du Rome em 1819, o jovem pôde viajar à Itália e, mais tarde, à Viena, onde conheceu Beethoven.

Apesar de suas obras atualmente terem sido esquecidas, já foi considerado uma das principais figuras artísticas da França. No decorrer de sua carreira, ele escreveu 40 óperas, abarcando diversos gêneros musicais.

Ao lado de Meyerbeer e Auber, foi um dos compositores mais importantes e bem sucedidos do período da Grand Opéra.

Halévy continuou produzindo óperas de grande sucesso durante o resto de sua vida, incluindo “Charles VI”,” La Reine de Chypre”,” La guittarerro “ e “Jaguarita l’Indienne”. Não obstante, quase nenhuma obra de Halévy conquistou cadeira permanente no repertório operístico internacional.

Halévy gozou de uma vida social ativa e muitas honrarias públicas, incluindo o posto de secretário permanente do Instituto de France. Bizet, o criador de Carmem, foi seu genro. Halévy também era escritor, com livros publicados sobre uma variedade de assuntos. Ele morreu em Nice, aos 63 anos de idade.

Adolphe Charles Adam (1803 - 1856) foi um compositor francês. Estudou e trabalhou em Paris, no Conservatório desta cidade, de 1829 a 1852. Estreou inúmeras óperas cômicas, de que “Le Postillon de Longjumeau” (1836), “Le Toréador” e “Si j' étais rói “(1852) são exemplos.

"Mes amis, écoutez l'histoire.."da ópera “Le Postillon de Longjumeau”.Ver no link:
http://www.youtube.com/watch?v=wuSEA9npjXg

Nicolai Gedda como "Chapelau" na ópera "Le postillon de Lonjumeau",com a "The Royal Opera of Stockholm"em 1952.


Édouard-Victoire-Antoine Lalo (1823 -1892) foi um compositor francês de ascendência espanhola.

Participou na sua juventude, na atividade musical do conservatório da cidade. Aos 16 anos, estudou no Conservatório de Paris e durante vários anos, trabalhou como professor, em Paris.

Lalo despertou o seu interesse pela ópera que o levou a compor obras para o palco.

Sua ópera "Le Roi d'Ys" tem uma bela ária cantada aqui no vídeo por Florian Laconi.



Morreu em Paris com 69 anos de idade, com várias obras inacabadas.


Alexis Emmanuel Chabrier
(1841 -1894) foi um compositor francês da era romântica.Chabrier estudava piano como amador desde os seis anos de idade, e mostrava-se muito habilidoso como compositor, mas seu pai obrigou-o estudar Direito.

A sua vida profissional começou com um cargo no Ministério do Interior em 1862.

Mas em 1879 visitou a Alemanha e ao assistir à ópera Tristão e Isolda, de Richard Wagner, ficou muito impressionado com a obra, e decide se dedicar inteiramente à música, pedindo demissão do ministério em que trabalhava.

No período em que estava trabalhando no ministério, Chabrier compôs suas primeiras óperas:” L'Étoile”, em 1877, e “Une Éducation manquée”, em 1879.

Stéphanie d' Oustrac canta a ária de Lazuli da ópera-bufa L'étoile.


Era um típico homem de cultura do romantismo. Partilhava com os parnasianos um espírito de humor na sua visão crítica da sociedade, privando com os grandes mestres da pintura impressionista como Renoir, Monet e Manet e na música recebeu a influência de diversos compositores franceses, principalmente de Claude Debussy, Maurice Ravel e Francis Poulenc.

O estilo de Chabrier é muito variado: harmonias de ópera wagneriana, espírito melódico de opereta, melodias tradicionais, criações divertidas.

Há de tudo um pouco nas suas óperas, peças orquestrais, obras para piano, canções e outras obras vocais.

E assim essa tendência do romantismo que se manifesta nas artes , na literatura , na música nasce na Alemanha, e depois na Inglaterra e na Itália, mas é na França que ganha força e é de lá que se espalha pela Europa e pelas Américas.

Opõe-se ao racionalismo e ao rigor do neoclassicismo. Caracteriza-se por defender a liberdade de criação e privilegiar a emoção. As obras valorizam o individualismo, o sofrimento amoroso, a natureza, os temas nacionais e o passado.

Levic

domingo, 30 de agosto de 2009

Ópera Francesa - romantismo

Antes de tudo, sinto necessidade de um pequeno resumo sobre o movimento do romantismo nos países já vistos que são a Itália, Alemanha e França, sem ainda falar dos outros.

O romantismo na França propagou os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade pregados pela Revolução Francesa. Os românticos que haviam acreditado e se engajado nos princípios revolucionários, logo perceberam que as transformações sociais almejadas não ocorreram e que a liberdade não foi amplamente traduzida em igualdade. Portanto, o que marca a segunda geração do romantismo é um sentimento de frustração e desencanto.

Os compositores buscam liberdade de expressão. Para isso, flexibilizam a forma e valorizam a emoção. Exploram as potencialidades da orquestra e também cultivam a interpretação solo. Resgatam temas populares e folclóricos, que dão ao romantismo caráter nacionalista.

A transição do classicismo musical, que acontece já no século XVIII, para o romantismo é representada pela última fase da obra do compositor alemão Ludwig van Beethoven(1770-1827). As tendências românticas consolidam-se depois com Carl Maria von Weber (1786-1826) e Franz Schubert (1797-1828).

O apogeu, em meados do século XIX, é atingido principalmente com Felix Mendelssohn (1809-1847), autor de "Sonho de uma Noite de Verão", Hector Berlioz (1803-1869), Robert Schumann (1810-1856), Frédéric Chopin (1810-1849) e Franz Liszt (1811-1886).

No fim do século XIX, o grande romântico é Richard Wagner (1813-1883), autor das óperas românticas "O Navio Fantasma" e "Tristão e Isolda".

A ópera tradicional dos italianos prosseguiu numa sucessão ininterrupta através das obras de compositores como Rossini, Bellini e Donizetti, atingindo a sua expressão mais plena nas óperas de Giuseppe Verdi.

A ópera romântica alemã, que recebeu o seu primeiro impulso das óperas de Weber, transformou-se, através dos dotes únicos de Richard Wagner, num tipo especial de ópera, denominado, pelo compositor, "drama musical".

As influências combinadas de Gluck, da Revolução Francesa e do Império Napoleônico fizeram de Paris a capital da Europa na primeira metade do século XIX, favorecendo aí o desenvolvimento de um determinado tipo de ópera séria, onde se conjugam o carácter heróico com a forte tensão dramática dos enredos de libertação, exprimindo uma atmosfera solene.

Com a ascensão de uma classe média numerosa e cada vez mais influente, a partir de 1820, surgiu um novo tipo de ópera, destinado a cativar o público relativamente inculto que enchia os teatros de ópera em busca de emoções e divertimento.

A grande ópera, como veio a ficar conhecido este novo tipo de ópera, dava tanta importância ao espectáculo como à música, seguindo a tendência dominante na França desde o tempo de Lully, onde os libretos eram concebidos de forma a explorar todas as oportunidades possíveis de introduzir bailados, coros e cenas de multidão.

Nessa altura, a ópera apresentava frequentemente intrigas violentas e envolvimentos sociais duvidosos, resultando num tratamento melodramático que tendia a explorar momentos individuais de crise.

Na França, a ópera assumiu uma feição mais lírica, mais fina, o que veio a repercutir, por sua vez, na Itália de 1900, que era uma província cultural da França, onde se liam mais livros franceses do que italianos.

A ópera francesa, que durante muitos anos representou uma luta entre a veia nacional da "opéra comique" e o estilo pretensioso da "Grand Opéra" de Paris, foi rejuvenescida nos últimos anos do século pelo aparecimento de um movimento genuinamente nacional, representado pelas óperas líricas de Gounod, Massenet e outros.

A única ópera dramática, "Carmen", uma obra de Bizet, que fez a sua aparição nesta altura dos acontecimentos, está muito avançada em relação ao nível geral deste movimento e não criou uma escola de ópera na França propriamente dita. Mas ela, por fim, faz com que uma influência francesa aja diretamente sobre a Itália. Faz, também, com que a nova geração de compositores de óperas volte ao caminho dos fortes efeitos dramáticos.

É dessa época que vamos falar de alguns compositores franceses que mais sobressairam no campo das óperas.

Hector Berlioz (1803-1869), compositor do alto romantismo francês, essencialmente dramático, escreveu muita música sinfônica e religiosa, sendo mais conhecido por sua Sinfonia Fantástica (1830) e por seu Tratado de Instrumentação e Orquestração. Sua obra "Romeu e Julieta" é muito apeciada.

Desde cedo, o compositor identificou-se com o alto romasntismo francês. Entre outros, eram amigos dele os escritores Alexandre Dumas, Victor Hugo e Honoré de Balzac.

No campo da ópera, compôs algumas pérolas do romantismo, como "Béatrice et Bénédict" (1862), "La Damnation de Faust" (1846), que alguns consideram sua obra-prima) e "Les Troyens" (1859).

A Marcha Húngara da ópera "A Danação de Fausto".


A ária de Marguerite " D'mour l'ardente Flamme" cantada por Vesselina Kasarova.


Assista à pungente interpretação de Susan Graham da ária de Marguerite -D'Amour, l'ardente flamme- em La Damnation de Faust, de Berlioz( a mesma da de cima). Montagem de 2002 em Bruxelas, regida por Antonio Pappano.


Camille Sain-Saens(1835- 1921), conhecia música profundamente, familiarizado com as obras dos grandes compositores europeus antigos e modernos.Mas ele se interessava também pela ciência, literatura e filosofia, tendo escrito livros sobre estes assuntos.

Fez versos, uma comédia, e escreveu ele mesmo os libretos de várias de suas óperas.

A obra de Camille Saint-Saëns
é imensa, tendo criado sinfonias, concertos para piano e violino, peças para órgão, música vocal e instrumental, sacra e profana. Entre as peças mais conhecidas deste compositor, podemos citar: o Concerto para violino no. 3 em si menor (op. 61), a Danse Macabre, Introdução e Rondò Capriccioso para violino e orquestra (uma peça extremamente brilhante para o violino), e o Carnaval dos Animais.

Saint-Saëns compôs várias óperas, mas somente uma delas é tida pela posteridade como uma obra prima imortal: Samson et Dalila (Sansão e Dalila).

Denyce Graves, mezzo-soprano 'Mon coeur s'ouvre a ta voix' da ópera "Sampson et Dalila"



Charles Gounod (1818- 1893), criou a primeira ópera "Sapho", estreada em 1851. Várias óperas se seguiram, mas as mais importantes são "Fausto" (1859), "Mireille" (1864), "Roméo et Juliette" (1867) , sendo que todas as três estão entre as mais populares do repertório operístico francês.

Opera Fausto de Gounod, Nicolai Gedda canta o Acto III, cavatina "Salut, demeure chaste et pure".


Sumi Jo canta de Gounod "Romeo et Juliette" a ária "Je veux vivre dans ce reve". A seguir a mesma ária com Diana Damrau. Compare qual das duas é a melhor.





Ao rebentar a Guerra Franco-Prussiana (1870), Gounod se refugiou na Inglaterra, onde permaneceu até 1875. Lá, ele adquiriu uma amante inglesa, Georgina Weldon, e sua música fez grande sucesso na Inglaterra vitoriana.

Nos últimos anos de vida, Gounod só compôs música religiosa.

Daniel Fronçois Auber
(1782- 1871), foi o último grande representante da ópera cômica francesa. A sua colaboração com Scribe, a partir de 1823, contribuiu consideravelmente para a sua grande celebridade.

Escreveu cerca de 40 óperas ,entre elas, "Fra Diavolo", "Os Diamantes da Coroa", "Le Domino Noir", óperas-bailados e uma grande ópera, que é "A muda de Portici", a sua obra mais brilhante e mais popular, onde reflete o espírito dos movimentos revolucionários de 1830.

Aria Act III "Je vois marcher sous ma bannière", cantada por Philippe Do, da ópera "Fra Diavolo" é o que mostra o vídeo abaixo
:


Numa versão mais moderna, em 2008, Benjamin Loomes canta "Young Agnes" da ópera "Fra Diavolo".


Embora hoje seja um compositor quase relegado foi muito admirado e estimado em sua época. Rossini e Wagner apreciavam muito a sua música.

Levic

sábado, 29 de agosto de 2009

Ópera Alemã- romantismo- continuação

A tendência que se manifesta nas artes que se chamou de romantismo, aparecendo no final do século XVIII até o fim do século XIX, nasce na Alemanha mas se estende por toda a Europa, principalmente França, Inglaterra e Itália. Essa tendência foi largamente influenciada pela tese do filósofo Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) de que o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe, como também está impregnada de ideais de liberdade da Revolução Francesa (1789).

Muitos compositores românticos eram ávidos leitores e tinham grande interesse pelas outras artes, relacionando-se estreitamente com escritores e pintores. Não raro uma composição romântica tinha como fonte de inspiração um quadro visto ou um livro lido pelo compositor.

As obras desta época valorizam o individualismo, o sofrimento amoroso, a religiosidade cristã, a natureza, os temas nacionais e o passado.

Dando, pois, continuidade a ópera alemã vamos relacionar outros compositores e suas obras.

Franz von Suppé (1819 - 1895) compôs cerca de 30 operetas, 180 farsas, ballets, e outras. As aberturas, especialmente "Leichte Kavallerie (Light Cavalaria)" e "Dichter und Bauer (Poeta e Camponês)", são utilizados em todos os tipos de trilhas sonoras para filmes, desenhos animados , anúncios publicitários. Algumas das suas óperas são realizados regularmente na Europa, como "Peter Branscombe". As óperas "Boccaccio" e "Donna Juanita" são as mais famosas.
O dueto "Florenz hat schöne Frauen" da opereta "Boccacio". Elisabeth Kulman (Boccaccio)e Jennifer O'Loughlin (Fiametta) .




Peter Cornelius (1824 - 1874) foi um compositor alemão que escreveu várias óperas, dentre elas a que fez mais sucesso que é "O Barbeiro de Bagdá", mas infelizamente este sucesso só veio depois de sua morte. As outras duas também famosas são "Der Cid" e "Guntöd". Ele estava convencido de que deveria fazer óperas cômicas como a primeira, mas isso não aconteceu nas outras duas citadas.

Johann Strauss Fº(1825 - 1899) famoso por ter escrito mais de 500 Valsas, polkas, marchas, e quadrilhas. Filho de Johann Strauss I((1804-1849), e irmão dos compositores Josef Strauss e Eduard Strauss.Conhecido como "O Rei da Valsa", foi responsável pela popularidade da valsa em Viena durante o século XIX. Algumas das mais famosas obras incluem The Blue Danube(O Danúbio Azul), Wein Weib und Gesang, Tales from the Vienna Woods, Tritsch-Tratsch-Polka, o Kaiser-Walzer, e da opereta Die Fledermaus (o Morcego).

Johann Strauss Jr. - Die Fledermaus Overture (Abertura de O Morcego), OSRP - Orquestra Sinfonica de Ribeirão Preto.


Escreveu inúmeras operetas e somente uma ópera que é Ritter Pásmán (Knight Pásmán), em 1892. Dentre as operetas mais famosas estão a "Uma noite em Veneza", "O Barão Cigano", e "Sangue Vienense.

Jose Carreras e Andrea Rost, com orquestra sob a regência de Zubin Mehta, nessa linda valsa de Strauss.

Karl Goldmark (1830 - 1915) foi um compositor húngaro. Escreveu algunmas óperas tais como, Die Königin von Saba ("Queen of Sheba") (1875),Merlin (1886),Das Heimchen am Herd (1896), Der Fremdling (1897) ("The Changeling") ,Die Kriegsgefangene (1899), ("The Prisoner of War").

Leo Slezak canta " Magische Töne " da opera "Die Königin von Saba"de Karl Goldmark



Hermann Goetz (1840 - 1876) foi um compositor alemão que compôs duas famosas óperas Der Widerspänstigen Zähmung baseada em Shakespeare (A Megera Domada) e Francesca da Rimini, cujo libreto foi composto por Joseph Victor Wildmann, baseado no Inferno de Dante. Fez inúmeras canções, música de câmara, concertos e sinfonias. A sua ópera Megera Domada é a que fez maior sucesso e foi considerada a sua obra-prima.

Karl Millöcker (1842 - 1899) compôs "O Estudante Mendigo"( Der Bettelstudent) que é uma ópera cômica, em 3 atos com o libreto de Zell e Genée. Ele fez outras óperas também. Ver este grifo colorido.



Engelbert Humperdinck ( 1854 - 1921) foi um compositor alemão, que foi o autor da óperaHänsel und Gretel( João e Maria). Fez também "As Crianças do Rei"(Königskinder), com o libreto de Ernest Rosmer. A mais famosa é João e Maria.





Hugo Wolf (1860 - 1903) foi um músico que estudou no Conservatório de Viena, por apenas dois anos, de 1875 a 1877, mas não se adaptou a disciplina da instituição.
Seu primeiro grupo de canções data de 1877 e 1878. Após compôs as 51 canções sobre poemas de Goethe e as 44 canções espanholas.
Aclamado como compositor de canções, voltou-se para a ópera e, em 1895, terminou sua única incursão neste gênero compondo “O Governador”.

A ópera romântica alemã, assim como o lied, prosseguiu pelo século XIX e à medida que avançava o século, o drama musical wagneriano difundiu-se por toda a Europa. Foi isso que aconteceu nestes posts sobre a Alemanha. No século XX outros compositores vão salientar-se com características românticas. Mas aí já é outro papo.

Levic

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Ópera - 7ª parte- Richard Wagner



Após a Revolução Francesa e a consequente era do Romantismo, a ópera sofreu sua segunda transformação, e desta vez pela iniciativa de um outro compositor polêmico, grandioso, egocêntrico e genial, que foi Richard Wagner. Sob influências românticas, a ópera vai tomar ares nacionalistas, vai cantar o triunfo da raça germânica.

Nessa altura, a Europa já tinha mais de 400 teatros, onde aconteciam desde alianças políticas a casamentos. Com o gás e a eletricidade, os cenários se sofisticaram e as sinfonias começaram a ser tocadas nos cafés. Nós estamos falando do final do séc. XVIII e início do séc. XIX.

É claro que as classes não se misturavam. A elite ocupava os camarotes, enquanto as outras pessoas ocupavam
os assentos mais baratos dos teatros ou as pessoas ficavam de pé ou levavam seus banquinhos. As temporadas viajaram à América, onde foram inaugurados o Metropolitan (1883), em Nova York, o Cólon (1908), em Buenos Aires, e o Municipal (1909), do Rio de Janeiro.

Mas, vamos falar do compositor revolucionário que foi Wagner que inclusive até hoje tem gente que não gosta de sua música. Aliás, as pessoas ou passam a adorá-lo ou odeiam-no.

Wilhelm Richard Wagner
(1813-1883) pensava que a ópera era a arte suprema capaz de redimir o mundo dos valores superficiais e da infelicidade crônica. Der fliegende Holländer (1841; O Navio Fantasma) já revoluciona por acompanhar outros caminhos da composição operística na musica , ainda mais ratificados nos dramas românticos Tannhäuser (1845) e Lohengrin (1850).

Wagner irá sacudir radicalmente as bases da composição dramática. A era romântica da ópera se divide em duas grandes facções, os wagnerianos e os anti-wagnerianos (principalmente os italianos).

Richard Wagner foi uma das figuras mais poderosas e controvertidas das artes. É um capítulo à parte na história da música, não só por ter revolucionado a forma tradicional da ópera, mas até mesmo por ter deixado de escrevê-las, e as substituído por outra concepção cênica, o Drama Musical.

Wagner começou escrevendo tradicionalmente à maneira de Gluck e com a influência pomposa da grande ópera de Meyerbeer, e assim escreveu "As Fadas" (1834),” Rienzi” (1840) e “O Navio-Fantasma” (1841).

De "Rienzi" ouviremos sua abertura e o final.

"Rienzi, o último dos Tribunos", de Wagner teve sua estreia em 1842 em Dresden. É uma ópera dentro dos esquemas da "Gran Opera" francesa: tem 5 atos, um balé (balé obrigatório) e um final apoteótico. Esta cena conta que o Capitólio de Roma está em chamas, incendiado pelo povo enfurecido contra Rienzi. Este e sua irmã Irene estão numa das torres. Todo o edifício está em chamas. Entretanto o namorado de Irene, Adriano Colonna, tenta salvá-la, mas é inútil e assim morrem os tres.

http://www.youtube.com/watch?v=FCDrwdWSv1Y


Margareta Hintermeier canta uma ária de Rienzi.



Um trecho do Navio Fantasma, ensaio no teatro de Manaus.


Depois, começou a utilizar uma técnica desenvolvida por Berlioz, a "idéia fixa", e a adaptou à ópera como Leitmotiv ( "motivo condutor"), onde um tema percorre a obra toda como signo de determinado personagem ou seu estado de espírito, e por vezes ambos. Nesta fase compôs duas obras-primas, “Tannhäuser” (1845) e “Lohengrin” (1848), baseados na mitologia germânica que logo em seguida seria sua maior fonte de inspiração.

Tannhäuser- sua abertura é linda. Vou colocar um vídeo. Difícil foi escolher com quem: Leonard Bernstein, Francesco Attardi ou Karajan. Bom, os outros dois deixo os links.


http://www.youtube.com/watch?v=fgpOctKSwp4
http://www.youtube.com/watch?v=3cyCKvrDfTw
Um filme feito com a música de Wagner.


Um trecho cantado desta ópera.




A próxima ópera é "Lohengrin", apresentando o "Prelude to Act III".



Na década de 1850, escreveu uma série de poemas, já com nome de Dramas Musicais e não como óperas, que mais tarde se transformariam no célebre "Der Ring des Nibelungen" (1856-1874) O Anel dos Nibelungos), a maior saga dramática que já foi posta em música.

Nessa tetralogia, formada por "Das Rheingold" (O Ouro do Reno), "Die Walküre" (A Valquíria), " Siegfried" e "Götterdämmerung" (O Crepúsculo dos Deuses) deuses, homens, gigantes e anões retratam um universo em conflito mortal. Juntas, esta tetralogia tem quase 20 horas de duração, com cada ato, por sua vez, durando mais que uma hora sem interrupção alguma do discurso musical. O Ouro do Reno, a primeira, é na verdade um prólogo, e não tem nem ao menos divisão de atos.

A Valquiria ("Die Walküre"), o 3º ato ",The Ride of the Valkyries":


"Das Rheingold"( O Ouro do Reno):







"Das Rhinegold", a 1ª parte da tetralogia "Der Ring Des Nibelungen" feitos em animação.



O maestro http://planisferiopessoal.blogspot.com/2009/02/die-walkure-valquiria.html rege a apresentação de "Siegfried"


Christopher J. Noel, o maestro, ainda em "Siegfried"


Ponto máximo da cena final do drama musical Götterdämmerung (o Crepúsculo dos Deuses).





A partir de então desenvolveu as premissas teóricas do que seria a obra de arte ideal, projetou e construiu, com ajuda do rei Ludwig da Baviera (grande admirador de Wagner e seu mecenas) um teatro especialmente para a encenação destas obras , o teatro de Bayreuth, que foi, inclusive, durante muitos anos, o melhor teatro do mundo em termos acústicos.

Durante esse período, o compositor criou também “Tristan und Isolde” (1857-1859; Tristão e Isolda), drama romântico que rompe com os padrões tradicionais da música ocidental, por suas harmonias suspensas e suas melodias cromáticas que beiram os limites do sistema tonal, que inclusive foi o principal fator que desencadeou a música moderna, numa antecipação da crise do tonalismo explicitada em obras posteriores de Mahler, Bruckner, Weber e Schoenberg.

Zubin Mehta
rege "Tristan und Isolde" no seu "Prelude".


Na voz de Nina Stemme e sob a regência de Daniel Harding apresentam "Tristão e Isolda".





Um dueto da mesma ópera.


Foi, no entanto, duramente criticado por alguns de seus contemporâneos, habituados à ópera italiana.

“Os Mestres Cantores de Nurenberg” (1867), é a sua única comédia, cuja execução por vezes ultrapassa 5 horas.

"Die Meistersinger von Nürnberg"( Os Mestres Cantores de Nurenberg), Prelude to Act I.


Coroou sua carreira e sua obra com um último drama musical baseado na mitologia cristã da Alemanha, a busca do Santo Graal, na mais mística de todas as obras sinfônicas-dramáticas para o palco, "Parsifal" (1882).

Todos os vídeos abaixo são trechos de "Parsifal".








Só por aí já dá para se ter uma idéia da revolução estética que este homem promoveu. Ao unir a narrativa sinfônica (através de seu grande mestre Beethoven) à ação dramática do palco e das vozes, Wagner não influenciou apenas o mundo da ópera, mas toda a música da segunda metade do século XIX.

Daí sua importância capital para a música como um todo, e não apenas para o universo operístico, antes nitidamente separado das demais manifestações puramente instrumentais.

Sites que valem:

http://purobolor.blogspot.com/2008/09/richard-wagner-das-rheingold-o-ouro-do.htm
l
http://pqpbach.opensadorselvagem.org/richard-wagner-1813-1883-der-ring-des-nibelungen-das-rheingold-karajan-bpo/
http://www.classicos.hpg.ig.com.br/wagner.htm
http://www.babylon.com/definition/Das_Rheingold/Portuguese
http://www.lunaeamigos.com.br/mitologia/12_tristao.htm
http://www.misteriosantigos.com/tristao_isolda.htm
http://www.galeon.com/projetochronos/chronosmedieval/tristao/tri_resu.htm
http://www.mgrande.com/weblog/index.php/partosdepandora/comments/arte6/

Levic

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Você gosta de ópera? Vale a pena ! 1ª parte

Você gosta de ópera? Vale a pena!

Nós brasileiros adoramos música em seus diversos gêneros e é um dos nossos grandes orgulhos colocarmos em alta consideração os músicos e os cantores populares, não acontecendo a mesma coisa com o grande número de instrumentistas e com os músicos do campo erudito.

Em grande parte é culpa da própria música erudita que não proporciona sua divulgação nos meios populares e nem na mídia, ficando este tipo de música em círculos restritos e, às vezes, por que não dizer, com ares de superioridade como se pertencesse a uma classe privilegiada.

A música é para todos, sem distinção. O que se precisa fazer é tornar popular a música chamada de “erudita”, porque o nosso povo responde bem quando isso é proporcionado a ele. Basta fazer por onde... Eu me lembro de uma propaganda que usou um trecho de ópera e ela cuidou de ser muito difundida, tomando conta do nosso dia a dia, porque era uma ótima propaganda. Pois bem: o povo cantava a propaganda, que era veiculada pela televisão, com bastante entusiasmo. Gosto pela música clássica existe, o que não existe é a sua difusão.

A ópera, então, é a mais relegada nos meios populares e é, dos gêneros musicais, o mais complexo para entender e gostar. A ópera só ela daria um tratado inteiro.

A ópera possui uma longa história de sucessos pelo mundo inteiro, mas , em nossos dias e principalmente em nosso país, se encontra reduzida em audição de árias soltas ou em apresentações em forma de shows , quando se tem uma festividade mundial. Foi dessa maneira que uma grande maioria tomou conhecimento de Carreras, Pavarotti e Plácido Domingos, na abertura da Copa Mundial de Futebol.

Além disso, as óperas sempre foram apresentadas sem tradução de seus cantos, o que se tornava mais difícil para acompanhá-las, pois perdia-se o enredo e , consequentemente, toda a ação dramática.

Somente na década de 90, aqui no nosso país, sob a direção de Fernando Bicudo no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, que foram introduzidas as legendas luminosas na parte superior do palco, enquanto a ópera estava sendo apresentada ao público. Com isso, tentava-se popularizar este gênero que , em qualquer outro lugar da Europa, tem a maior aceitação e prestígio.

Na Itália quando Pavarotti faleceu no ano passado o povo inteiro chorou, literalmente falando, dado o amor que os italianos tinham pelo seu desempenho nas óperas. Aliás, ele era mesmo fenomenal!

Um outro traço que colaborava para distanciar a ópera das massas populares era a forma de sua apresentação, sempre num teatro onde as pessoas usavam jóias e roupas caras, reminiscências da corte e da sociedade de elite de Paris, que nossa cultura esteve sujeita no início do século XX principalmente.

Um outro aspecto que dificulta a difuso da música operística é o custo das obras gravadas para serem ouvidas, porque quase todas são importadas, quando o nosso mercado de CDs e DVDs não tem interesse em editar este gênero. Foi lançada uma série que se encontra nas bancas de jornais – “Tesouros da Ópera” – que é muito boa e não sai tão cara. Mas e a difusão? Poucas chamadas na televisão e somente na época do lançamento.

Neste ano de 2009, o circuito de cinema Odeon- Petrobrás – Estação lançou uma série de exibições de óperas que foram filmadas durante as suas apresentações no Metropolitan Opera House of New York. As exibições chegaram ao Brasil e foram um grande sucesso de público, no curto tempo que permaneceram nos cinemas.

O lançamento em DVD dessas récitas eu espero que chegue ao Brasil, como já estão disponíveis nos USA alguns títulos, como:Macbeth, Manon Lescaut, Hansel and Gretel e La Bohème. Na verdade, eu não consegui assistir nenhuma sessão, porque a procura foi tão grande que os ingressos se esgotavam rapidamente. Se tiver o DVD já fico satisfeita.

O Metropolitan inova, ao mostrar entre os atos, os bastidores do teatro, a montagem dos cenários e o trabalho da equipe de apoio.

Mais uma prova de que a música dita clássica desperta interesse nas pessoas e é esta procura para asssitir os filmes , mostra que existe um reconhecimernto de que é um espetáculo agradável.

Em épocas passadas, século XIX, apesar da ópera ter surgido na elite aristocrática, este gênero ajudou a popularizar a cultura européia, pois, desempenhava um papel semelhante ao do cinema e da televisão, nos dias de hoje.

Nesta época, o teatro musical era o espetáculo popular por excelência, onde a cidade podia se encontrar, pois todos freqüentavam , desde o governo, a aristocracia, a burguesia, a classe média e até os pobres estes evidentemente ficando ou em pé ou nos lugares menos privilegiados, como as galerias.

A fama que a ópera tem de requintada e elitista se deve às origens do gênero, que era mais promovida como um entretenimento nobre das cortes europeias.

Durante muito tempo, a ópera foi suntuosa e restrita a efemérides da aristocracia. Era encenada em celebrações de bodas, coroações, carnavais, batizados de príncipes ou comemorações de batalhas. Servia como o oposto à miséria dos camponeses e súditos, assolados por guerras e doenças.

Mas afinal, o que é uma ópera? Quando ela surgiu e por quê? Aqui, não pretendo explanar com profundidade este assunto, como a ópera exige , primeiro porque existem muitas fontes para pesquisa e segundo porque meu conhecimento não é tão vasto como é de um estudioso deste gênero musical.

Quando nasceu a ópera? A tragédia grega já tinha musicalidade. Na Idade Média, artistas de jograis e comédias cantavam pelas ruas. A própria Igreja se valeu de cantos gregorianos. A rigor, contudo, a ópera surgiu como resultado de um grupo de estudos sobre a Antiguidade, formado por artistas e professores na década de 1570, em Florença, na Itália.

Vale a pena, então, para melhor compreender este gênero de música localizar a ópera no contexto do tempo e do espaço, tentando mostrar uma introdução através de sua história inicial.

A ópera é uma arte que engloba várias outras, pois envolve canto, orquestra, dança ou balé, drama ou enredo cômico e por isso ela se resume num espetáculo sem limites, numa apresentação artística completa.

Quando no seu surgimento, há mais de 400 anos, os artistas florentinos tentaram recriar o teatro grego, acabaram por inventar um novo gênero de obra artística. O grupo de aristocratas que se reuniam, com o nome de Camerata, tinha por motivação a reprodução, mais fidedigna possível, da combinação harmônica de palavras e música, que era o que fazia a grandeza do teatro grego.

Poetas e músicos sonhavam em recuperar a declamação lírica das tragédias gregas num espetáculo total que englobasse todas as artes , dando ênfase à monodia , ou seja o canto solista, e criaram assim, o que nós chamamos hoje de ópera.

Embora os registros da história da arte tenham colocado a obra de Jacopo Peri, chamada “Dafne”, que estreou em Florença em 1597, como início desta história, ela propriamente não pode ser considerada uma autêntica ópera e nem mesmo , do mesmo autor, a composição musical “Eurídice”, estreada em 1602 se encaixa aos moldes de uma verdadeira ópera.

Entretanto foi esta última que possibilitou a Monteverdi criar a sua primeira obra nesse estilo, pois o duque de Mântua assistira a apresentação de Eurídice ( no casamento de Henrique IV) e sete anos mais tarde encomenda a Monteverdi algo parecido. Nasce, pois , “Orfeo”., a primeira ópera que se tem registro e que acaba de completar 400 anos desde sua estréia em Mântua.

Assim, o primeiro grande compositor de ópera foi Claudio Monteverdi, com a sua ópera “Orfeo”( La Favola d’ Orfeo), que continua viva até hoje, sendo apresentada em várias casas de ópera. E se a beleza dessa música continua viva é pela sua força dramática, que Monteverdi põe nas figuras mitológicas uma sensibilidade humana. Orfeo, como protagonista da história celebra os poderes sobrenaturais da música e do canto e sobrepõe os temas da música e da paixão humana.

Claudio Monteverdi escreveu 18 óperas, mas apenas três sobreviveram ao saque de Mântua em 1630: Orfeo, O Coroamento de Popeia e o Retorno de Ulisses a sua Pátria, são as três que restaram.

A primeira ópera de Monteverdi – Orfeo (libreto de Alessandro Striggio), é uma fábula mitológica baseada na história do poeta grego que , apaixonado por sua esposa Eurídice, morta por uma cobra, decide entrar no Hades, que é o reino dos mortos, para convencer o deus a trazer Eurídice de volta ao mundo dos vivo.

O deus Hades resolve atender a Orfeu com uma única condição : que ele não olhe para trás antes de sair do mundo dos mortos. Apesar disso, o poeta não resiste às ansiedades do coração apaixonado e , ao olhar à procura de sua amada , perde novamente a sua querida Eurídice.

Orfeu assim é tomado por uma imensa tristeza e desconsolo. O deus Apolo, comovido com o desespero do esposo tão apaixonado, convida-o para o Olimpo onde encontrará Eurídice como uma estrela.

A importância da ópera de Monteverdi vai além dela ser uma obra fundadora , mas é que ela servirá de modelo para as futuras óperas. Nela encontramos todos os elementos da opera como o recitativo, a ária, a declamação lírica, o bel canto, o duo, o balé e a orquestra, além dos temas do amor apaixonado e das mortes trágicas, que mesmo numa história mitológica ele dá uma sensibilidade humana ao protagonista.

Assista o vídeo e lembre-se que é uma composição de 1610, do século XVII, e procure extrair sua força dramática e musicalidade, como inovações da época.




Levic