Vale a pena ser feliz

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Dois ballets diferentes!


Voltei depois de um longo tempo. E voltei para falar que esta semana fui premiada com dois espetáculos que valem a pena ver, assistir, aplaudir e recomendar. Estou falando de dois ballets: um deles, embora inovador e criativo, permanece com coreografias já consagradas e o outro é a apresentação de uma coreografia bem moderna e acrobática. Estou falando de Trocadero e Déborah Colker.

O Teatro Municipal do Rio de Janeiro apresentou uma companhia de ballet um tanto diferente, onde o que se vê são homens dançando como se fossem esbeltas bailarinas. É a companhia ‘Les Ballets Trockadero de Monte Carlo’ que surgiu há 36 anos com a proposta de dar um novo panorama de humor ao cenário da dança.



De volta ao nosso país esta companhia, que seduziu o mundo de forma genial, mostra um grupo de bailarinas “diferentes” que juntam no palco técnica perfeita e humor. No elenco apenas homens, no repertório as principais peças do repertório clássico mundial, e a proposta: fazer graça com a arte do balé, mas mostrando, ao mesmo tempo, uma técnica impecável.

Em sua história a companhia se firmou no cenário artístico internacional, apresentando-se em festivais e turnês por todo o mundo, conquistando prêmios e o respeito da crítica especializada internacional.

“Elas” dançam nas pontas dos pés e, se vistas de perfil, revelam pomos de adão e um semblante um tanto diferente para quem se acostumou com as delicadas bailarinas. Com pêlos debaixo do braço e vestindo tutus, sapatilhas de pontas, coques aplicados no cabelo trazem ao palco a proposta de dançar bem e apresentar um ballet muito engraçado. Mesmo com estaturas mais altas que o normal das mulheres, e deixando a desejar no quesito beleza e graciosidade, dançam com passos jocosos ou movimentos desastrosos como quedas, distrações na coordenção ou até erros imperdoáveis em bailarinas. Mas isso tudo com tal precisão que somente quem sabe muito do riscado consegue'errar' tão prontamente.

Mas o que mais surpreende é assistir aos clássicos da dança de uma forma nunca vista antes. É esse contraste, aliado a uma técnica impecável, que faz do espetáculo ser um sucesso. Assim, então no palco, os integrantes exageram os passos, derrubam-se uns aos outros e abusam dos clichês da dança clássica, levando o público a gargalhadas constantes.
Eu soube que os Trocks, como são carinhosamente conhecidos, rapidamente obtiveram crítica positiva e se estabeleceram como um fenômeno mundial de proporções alucinantes. No Rio, os dezesseis “trocks” exibem com rigor técnico as coreografias Les Sylphides, com trilha de Chopin, La Vivandière, com músicas de Cesare Pugni, e As Bodas de Raymonda, clássico do Kiev embalado por temas de Alexander Glazunov.

A história desta companhia de ballet remonta desde 1974 onde um grupo de entusiastas da dança clássica fundam a companhia com a finalidade de realizar uma paródia travestida das formas tradicionais do balé clássico. A companhia norte-americana formada exclusivamente por homens começou no circuito off-Broadway e hoje é um fenômeno mundial. Já se apresentou em festivais de dança na Holanda, Madri, Montreal, Nova Iorque, Paris, Turim e Viena, além de ter recebido prêmios como o Repertório Destacado da Associação dos Críticos de Dança de Londres (Dance Critics Award).

Quem gosta de balé não pode perder este espetáculo.



Mas, nós temos também a Deborah Colker que está apresentando no Teatro João Caetano, no Rio, o espetáculo "Quatro por Quatro" que é simplesmente divino em sua proposta inovadora. Quem já assistiu a uma montagem da coreógrafa e bailarina carioca, Deborah Colker, sabe que ali tem coração, tem alma. Não é à toa que ela foi a primeira mulher e brasileira a ser convidada a criar um show do Cirque du Soleil.


O espetáculo 4x4 da Deborah Colker é de deixar a gente em transe com aqueles movimentos impossíveis de fazer, exceto se tratando dos bailarinos dessa companhia. A coreografia faz uma homenagem às artes plásticas e inspiradas nas obras de artistas brasileiros de épocas e focos diferentes que se transformam em dança graças à curadoria de Deborah Colker. “Cantos” (baseado em Cildo Meireles), “Mesa” (grupo Chelpa Ferro), “Povinho” (Victor Arruda) e “Vasos” (Gringo Cardia), mostram criação de movimentos sincronizados a músicas totalmente contextualizadas a cada ato em cenas mágicas!

Durante o espetáculo a própria Deborah Colker interpreta uma sonata de Mozart ao piano enquanto duas bailarinas ("As Meninas") dançam e mais de 90 vasos de "porcelana" vão sendo distribuídos no palco para depois apresentar a dança"Os Vasos".


Gente é de chorar de emoção com tanta delicadeza!

Levic