Vale a pena ser feliz

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

O mago da Sapucaí




Para quem acompanha o carnaval , que não é o meu caso, bem sabe a força que carrega hoje o nome de Paulo Barros, sinônimo de show na Marquês de Sapucaí, que nos últimos dois anos, o carnavalesco fez os espectadores prenderem o fôlego com as inovações dos desfiles da escola Unidos da Tijuca, no Rio de Janeiro.

Na verdade, tomei conhecimento do seu trabalho artístico somente em 2010, quando conquistou seu primeiro título no Grupo Especial com o tema "É Segredo", com a sua ousadia e destemor. Ao dizer não ao tradicional, trouxe para a pista o nunca visto, o que muitos julgavam impossível de acontecer e que um carro alegórico pode ser substituído por pessoas. O uso do ilusionismo fez com que a comissão de frente surpreendesse com as trocas misteriosas de roupas e os carros que traziam super-heróis.

Assim, o ex-comissário de bordo, estudante de arquitetura e artes plásticas e professor de inglês se transformou em mestre e em doutor ao levar para a Sapucaí um encantamento surpreendente, herança de outro gigante do carnaval. Nascido e criado em Nilópolis, terra da Beija-Flor de Nilópolis, Paulo Barros passou a adolescência de olho nas propostas inovadoras de Joãosinho Trinta.

Barros iniciou sua carreira como carnavalesco em 1995, na Escola de Samba Vizinha Faladeira. Passou pela escola Arranco do Engenho de Dentro entre 1999 e 2001, para voltar à Faladeira em 2002. Naquele ano, fez um desfile que marcou o seu estilo, ao utilizar materiais não convencionais. Em 2003, na escola Paraíso do Tuiuti, homenageou Cândido Portinari por ocasião do centenário de sua morte, que chamou a atenção das escolas do grupo especial. Contratado pela Unidos da Tijuca em 2004 arrematou o primeiro vice-campeonato. Foi logo nesse primeiro desfile que o carnavalesco surpreendeu público e crítica ao levar para a avenida uma alegoria humana – o carro do DNA (a alegoria era formada pela coreografia dos 127 componentes, pintados de azul e foi considerada a criação mais inovadora do Carnaval daquele ano).



Depois de passagens por Viradouro e Vila Isabel, voltou à Tijuca para, depois de ganhar estandartes de ouro e ser campeão em 2010, com o enredo “É Segredo”. O carnavalesco já colocou integrantes de cabeça para baixo e tirou a bateria do chão, colocando-a em cima de um carro alegórico. Pelo histórico, é difícil imaginar o que saiu da cabeça de Paulo e ainda estar por vir.

Em 2011 com o enredo ‘Esta noite levarei sua alma’, que abordou o medo em diversos aspectos, fez o autor dizer ‘Eu não tenho medo de arriscar’.




Hoje, em 2012, Paulo Barros novamente ganha a fama de o "Mago da Sapucaí", não a toa mas por puro merecimento, embora ao lado do reconhecimento também tenha conhecido a força das críticas. Muitos acharam que o carnavalesco queria fazer do asfalto um musical de Hollywood. Mas a resistência cedeu com a Avenida hipnotizada mais uma vez pela obra do carnavalesco. Paulo Barros surpreendeu e conquistou o público e os jurados, começando pela criatividade que misturou molas com sanfonas na comissão de frente, o belo espetáculo do casal de mestre-sala e porta-bandeira e um carro inteiro, todo feito de barro, que ganhou vida, além, é lógico, das alegorias humanas, a sua marca registrada.




O carnavalesco brindou o público com um espetáculo para deixar qualquer um boquiaberto. Até mesmo os jurados, que normalmente se mantêm impassíveis, aplaudiram de pé a passagem do último carro.

Com o enredo “O dia em que toda a realeza desembarcou na Avenida para coroar o rei Luiz do Sertão”, a Tijuca conseguiu transportar a plateia para a Recife de Luiz Gonzaga, com suas alas e carros criativos. Paulo Barros, que nos dois últimos carnavais retratou temas mais abstratos, disse que a mudança no estilo do tema não afetou o trabalho.

Nos carros alegóricos, está a marca do artista: renovação, com coreografias, interpretações e personagens vibrantes e agora, sejamos justos: depois de Paulo Barros, a performance das escolas de samba passou a ser nivelada mais por semelhanças do que diferenças.




Levic
Levic

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Uggy no filme "O Artista"






Existem detalhes que me deixam, às vezes, boquiaberta quando me deparo com a tamanha sensilibidade do autor da obra ao colocar esses detalhes na sua composição e estes virarem elementos inseparáveis do tema central. Confesso que me dá uma inveja de eu não ser tão criativa...E foi o que me aconteceu ao assistir o filme "O Artista", o filme mudo do diretor e roteirista francês Michel Hazanavicius que atinge muitas metas aparentemente impossíveis - como fazer um filme mudo relevante e agradável em 2011- mas principalmente por colocar o cão Uggie como um "ator coadjuvante". Ele faz com que Uggie - assim como Jean Dujardin e Berenice Bejo - apareçam como figuras maravilhosas!

Michel Hazanavicius conseguiu recriar na tela grande a experiência cinematografia em preto e branco, de mais de 80 anos atrás, com estilo, que cativa audiências modernas acostumadas ao colorido e aos recursos dos efeitos especiais explorados atualmente. É um filme sobre o fim da idade silenciosa de Hollywood.

Jean Dujardin é engraçado e comovente e Berenice Bejo é absolutamente radiante, mas a verdadeira estrela do filme é Uggy, o cão. Um bonito e divertido Jack Russell Terrier, ele faz parte integrante da trama, aparecendo como o ajudante nas esquetes de Zorro, acrescentando pungência e humor às cenas tristes, e nos dando motivos para gargalhadas com o seu o seu jeito de agir.



O parceirinho de Dujardin é um verdadeiro profissional, já tendo atuado em doze filmes. Entre suas performances mais conhecidas, destacam-se o seu estilo perfeito de correr, fingir estar morto, buscar ajuda, chamar a polícia e andar de skate. Jean Dujardin explicou, rindo, que com dois hot-dogs se consegue milagres do ator de quatro patas.

Eu que sempre acompanhei as ilustrações de Hergé para "As Aventuras de Tin-Tin" (agora em filme por Spielberg) não pude deixar de me emocionar ainda mais pelas lembranças infantis...Os personagens Tintim (um jovem jornalista) e Milu (seu cachorro) apareceram pela primeira vez em 10 de janeiro de 1929, no Le Petit Vingtième, um suplemento do jornal Le Vingtième Siècle destinado aos jovens e posteriormente acabou ganhando uma série animada. (Ver blog http://www.tintimportintim.com/).




O filme conta a história de George Valentin (Jean Dujardin) arrojado, bonito, bigode da moda, encantadoramente narcisista, artista famoso do cinema mudo que cai em espiral na sua carreira, com o advento dos 'talkies', da chegada triunfal do cinema falado, onde encontra a vivaz e sorridente Peppy Miller (Berenice Bejo).

Peppy, uma dançarina ambiciosa de olhos maravilhosos, por sugestão de Valentin, adota uma pinta no rosto como toque de beleza, e antes que ela possa entender é o novo rosto da "Revista Variety", uma sensação "talkie 'star", em ascensão.

Seu amor em silêncio por Valentin, um produto do destino e da sorte, é misturado com comédia,
melodrama e com um 'finale' de sapateado que inexplicavelmente não se pode classificá-lo em "musical ou comédia" ou "drama". Aliás, existe uma trilha sonora original, por Ludovic Bource, que ganhou um Globo de Ouro.

" O Artista" estreou no Festival de Cannes 2011, onde Jean Dujardin ganhou o prêmio de melhor ator. Desde então, seguiu-se com um Globo de Ouro de melhor ator. Globos de Ouro foram também concedidos para melhor musical / filme de comédia e melhor trilha sonora original musical - o que só serve para mostrar que o silêncio é de ouro!



Fiel à forma, Uggy roubou a cena mesmo na premiação Globo de Ouro, implorando por um tratamento, enquanto o diretor do filme estava fazendo um discurso. Uggy compareceu completamente nu, com uma única gravata. Entretanto, para o Oscar ele não foi convidado! Ver
maiores detalhes em http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/cultura-e-lazer/segundo-caderno/noticia/2012/02/uggie-de-o-artista-leva-o-premio-coleira-de-ouro-de-melhor-ator-canino-3663506.html

e

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1049012-cao-uggie-de-o-artista-nao-foi-convidado-para-cerimonia-do-oscar.shtml



Há muito mais para admirar em O Artista é claro, mas Uggy foi a minha parte favorita.

Levic