Vale a pena ser feliz

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

As faces de Elymar Santos



Elymar Santos é um desses artistas que tem algo especial na sua trajetória. Gosto sim, gosto dele desde a época que, corajosamente, vendeu tudo que tinha e alugou o Canecão para a sua primeira estréia de grande porte. Ele próprio se alugou para se fazer conhecido.

Ao lado de voz forte e com vieses dramáticos, o que mais fascina nele é a sua energia, a sua comunicação com o público. Não é a toa qua Chico Anisio o definiu como o maior cantor de palco deste país.

Esta semana vivi uma experiência de assisitr a um show de Elymas Santos. Interessante que, embora acompanhe a sua carreira, nunca tenha visto esse cantor ao vivo apesar de suas muitas apresentações. Tomo conhecimento de seus shows através de dvds, os quais possuo e tenho prazer em assisti-los.

Enfim, este foi o primeiro show que assisto dele, realizado num congresso nas Termas dos Laranjais, em Olimpia, SP. Elymar sabe fazer o público receber uma carga de energia usando sua interpretação e às vezes as letras com grande sentido, fazendo-se valer de pausas, silêncios e sorrisos matreiros ao lado da sua bonita voz forte.E assim ele sabe valorizar o que diz ao cantar.
O público percebe como ele deixa escapar que ama cantar, que ama o que faz e delira diante das emoções abertas da troca mágica indispensável à comunicação. É impressionante... e isso para uma platéia conservadora que no entanto capta a solidariedade do artista com o lado 'rebelde' que nele exala ao mostrar que, cantando, o amor aflora e a vontade de viver plenamente brota de forma espontânea. O público se identifica com algo de mistério que envolve o cantor.


Elymar não é apreciado pela 'intelectualidade' que não sabe avaliar o talento genuino de um artista que é formado com os ingredientes do povo de onde ele proveio. Há uma tendência de carimbá-lo como brega, mas na verdade ele canta o que lhe é bonito, independentemente das amarras elitizantes. Assim ele canta Pixinguinha, Cazuza, Ari Barroso, Peninha, Chico Buarque, Maysa, Dolores Duran, Evaldo Gouveia, Miltom Nascimento, Paulo Sergio Valle e outros. Seu estilo é ter liberdade para cantar o que quer.

O seu repertório assim é intelectualizado, pois é riquíssimo abrangendo várias linhas da música brasileira e latina, e que são traduzidas para o seu público de maneira clara no seu modo de interpretar que ninguem imita.

Nos seus shows, ele demonstra ser uma pessoa generosa, que sente solidariedade por astistas esquecidos ou não reconhecidos. Então, em seus espetáculos com multidões, ele abriga artistas convidados resgatando a memória e o respeito do público para os mesmos.

Às vezes, dizem que ele é um cantor de motel, que gosta de cantar o amor ao sexo, usando imagens verbais muito claras para insinuar a união carnal. E daí? Isso não é vida? Não é bonito o amor?

Elymar Santos irradia uma luz que não dá para explicar. Obrigada Elymar por você valer a pena.


E para completar deixo os links da entrevista de Elymar no Jô Soares, de 2008.

http://www.youtube.com/watch?v=994reW-9B6g&feature=related">
http://www.youtube.com/watch?v=h6DQLWjC7Lg">
http://www.youtube.com/watch?v=ajoTgJRzzpE">
http://www.youtube.com/watch?v=9k8yU8zL8Gw
http://www.youtube.com/watch?v=Y17HYV5LBhU&feature=related


Levic

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Tony Ramos está cada vez melhor!



Tony Ramos está cada vez melhor! Sempre vale a pena acompanhar as suas atuações seja em filmes ou em telenovelas, onde ele está com maior frequência. Nem importa, na verdade, o tipo de programa que se assiste porque o importante é ver seu modo genuino de desempenhar os diversos papéis a ele destinados como ator.

Tony Ramos chama-se Antonio de Carvalho Barbosa. Nasceu no estado do Paraná, na cidade de Arapongas a 25 de agosto de 1948. Filho do primeiro casamento de Maria Antonia e Paulo, Tony foi um menino normal, tranquilo, que gostava de futebol, até que veio para São Paulo, com seus familiares e foram morar na cidade de Ourinhos. Aí sua mãe começou a lecionar, e foi por isso, para poder melhorar de posição, que resolveu vir com a família para a capital paulista. E foi aqui que Tony assistiu pela primeira vez a televisão, e se encantou com ela. Aos 16 anos, o jovem estudante de filosofia se encantou com um programa da TV Tupi chamado Novos em Foco, que apresentava pequenos quadros cômicos. Decidiu fazer um teste e passou a se apresentar na atração. Não demorou para que fosse convidado a fazer uma ponta numa novela com Juca de Oliveira. Seu primeiro papel foi de um garoto, filho de Vida Alves e Juca de Oliveira, na novela: “A outra”.

E daí pra frente só foi sucesso atrás de sucesso. Participou das novelas “Irmãos Corsos”, “O amor tem cara de mulher”, “Os rebeldes” , “As bruxas” , “Vitória Bonelli”, “A viagem” , “Os inocentes”, todas ainda na TV Tupi.

Nessa mesma época participou também de projetos especiais, como: “Galileu Galilei” e outros.

Depois, o Tony passou para TV Globo e lá ficou até hoje. A primeira novela que participou na nova emissora em 1977, foi “Espelho Mágico”. Depois, “O Astro”, “Pai Heroi”, “Chega Mais”, “Baila Comigo”, “Champagne”, “Livre para Voar”, “Selva de Pedra”, “Bebê à bordo”, “A próxima vítima”, “Anjo de mim”, "Caminho das Indias" e esta última "Passione".

Fez também miniséries da maior importância, como “Grandes Sertões, Veredas”, inspirado no livro de Guimarães Rosa, e na direção de Walter Avancini, que o considerou magistral.

No teatro fez: “Quando as máquinas param”, “Pequenos assassinatos”, “Grito de liberdade” e ainda, com muito sucesso, fez um musical em que cantava e dançava, sobre a direção de Abelardo Figueiredo, que adorou Tony Ramos.

Trabalhou também em cinema, nos filmes: “O pequeno mundo de Marcos”, “Os diabólicos herdeiros”, “Pequeno dicionário amoroso”, “Noites de verão”, e "Se eu fosse você" e "Se eu fosse você 2" onde atua fazendo um papel feminino com a maior desenvoltura ao mesmo tempo que encarnava um papel masculino também.Vale ainda lembrar sua faceta de apresentador dentro da TV Globo.


Para mim, Tony é o que mais sabe se transformar nos diversos papéis entre os nossos atores.Ele consegue interpretar com igual maestria ricos, pobres, gregos, empresários, indianos e italianos, com uma vitalidade e virtuosismo que a cada interpretação dou sempre uma salva de palmas. E agora, no personagem de Totó de Passione ele consegue passar toda a verdade de um homem de meia idade submetido a uma paixão arrebatadora por alguém mais jovem - a Clara, de Mariana Ximenes.


Por seus gestos e atitudes ele nem precisava falar nada, pois ao assumir um ato sua feições mudam, seu ohar se transforma e sua voz ganha diferentes dimensões, e ganhamos nós, que temos o privilégio de vê-lo em nossas casas, todas as noites.



Admiro o Tony Ramos desde os tempos remotos e sempre fiquei fascinada por ele como artista e também como pessoa, sobretudo a sua postura com o público e seu relacionamento profissional e familiar. Está casado com Lidiane Barbosa há 30 anos e isso para artista é demais!

Todos, diretores e autores, com os quais trabalhou, teceram sobre ele, os maiores elogios. E estes foram muito importantes, como: Daniel Filho, Ivani Ribeiro, Janete Clair, Walter Negrão, Walter George Durst, e muitos outros. Tony, sempre elogiado, sempre cotado, sempre prestigiado. Como prestigiado foi em teatro, nas várias vezes em que atuou.




Não foi a toa que Tony Ramos recebeu o prêmio de melhor ator durante a cerimônia de entrega do prêmio “Tudo de Bom”, promovido pelo jornal “O Dia”, numa festa que reuniu famosos na noite de quarta-feira ,1° de setembro de 2010, no Rio de Janeiro.





Numa entrevista ele declarou:"Sou um homem que adora a vida e que diz a si próprio: Viver vale a pena. E como vale ! ”.
Diante disso, eu só posso dizer que Tony é um homem que engrandece, um homem “cheio de luz”, que vale a pena aplaudi-lo de pé!


Levic

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

O gostinho francês de ser criança

Há muito tempo eu não vejo um filme tão sensível e pueril como o que eu indico hoje que vale a pena assistir, que é O Pequeno Nicolau (Le Petit Nicolas). Como vale a pena também se deleitar com a abertura do filme, animada por Sempé. Aliás o roteiro é baseado em “Le Petit Nicolas” , livro de 1959 de Jean-Jacques Sampé e René Goscinny.

Estreou ano passado na França e foi recorde de bilheteria por lá, e por aqui chegou como destaque do último Festival Varilux de cinema francês, tornando-se um dos maiores sucessos nas férias de julho, sucesso que dura até hoje em vários cinemas. O garoto Nicolas é personagem conhecido e querido da infância francesa, e ele e seus amigos retratam uma infância ingênua e sincera mas muito divertida, que é uma delícia de se assistir!

A história do filme é baseada no primeiro livro da série, "O Pequeno Nicolau volta às aulas", mas o roteiro foi feito a três mãos, por Laurent Tirard, Grégoire Vigneron e Alain Chabat. Sempé ajudou na roteirização, assim com a filha de Goscinny, Anne Goscinny, que só aceitou imortalizar o livro na tela do cinema após a promessa de que ele seria totalmente fiel à série de livros.

"Le petit Nicolas" - O pequeno Nicolau - é uma série francesa de livros (História em Quadrinhos) infantis, publicada entre 1956 e 1964. A série retrata o mundo visto por um garotinho inocente - o Nicolau, que não entende a reação dos adultos, agindo pela sua lógica infantil e quando os seus pais ralham com ele, desata logo a chorar! A série do Pequeno Nicolau contém 5 títulos: O Pequeno Nicolau; As Férias do Pequeno Nicolau; Novas Aventuras do Pequeno Nicolau; O Pequeno Nicolau e seus Colegas e O Pequeno Nicolau no Recreio.

O filme, eu diria que é despretensioso, pois mostra o cotidiano de um grupo de meninos em um colégio francês dos anos 50. Assim como nos livros, todos os amigos de Nicolas tem uma peculiaridade. Clotaire tem dificuldades de aprendizado e já está acostumado a ser repreendido pela professora; Alceste é o menino gordinho que come tudo o que vê pela frente; Geoffrey, um menino rico mas que não tem a atenção dos pais; Eudes, o "cdf" que dedura os colegas e que ninguém pode bater porque usa óculos. Esse universo infantil criado por Renné Goscinny (mais conhecido no mundo por Asterix que é de fato uma criação incrível, como também de Lucky Luke, quadrinho sobre um cowboy solitário do velho oeste) e imortalizado pelo desenhos de Jean-Jacques Sempé é um universo vivo em nossas lembranças, pois Nicolau é aquele menino que representa um pouquinho de todos nós.

Continuo dizendo que há muito tempo um filme não me fazia chorar de tanto rir quanto esse, e de uma maneira simples e eficiente,oferecendo um mundo povoado pela doçura e inocência do olhar infantil. É muito bom em diversos sentidos: trata das aventuras de crianças que vivem e olham o mundo com o olhar de crianças, as situações entre os adultos que são entendidas pelos adultos não deixam de ser divertidas, a fotografia e adaptação de época para a década de 1950 são excelentes e a trilha sonora sensacional de Klaus Baudet.

No final, fica aquele gostinho de como é bom ser criança e ter a felicidade dessa fase da vida. Assim o filme mostra Nicolau: um menino alegre, feliz, com muitos amigos no colégio que frequenta. Um dia, ao escutar uma conversa de seus pais, ele interpreta que irá ganhar um irmãozinho. Muito impressionado com a história do "Pequeno Polegar", o garoto acredita que seus pais não lhe amarão mais, e que irão abandoná-lo em uma floresta. Apavorado, ele pede ajuda aos seus inseparáveis amigos. Juntos, eles armam planos mirabolantes para ajudar Nicolas a agradar seus pais, e livrar-se do bebê assim que ele nascer.

Em um dado momento do filme as crianças inventam uma forma de ganhar dinheiro fácil para custear um perigoso projeto: copiar a poção mágica de Asterix e vender para seus colegas, afirmando que eles ficarão tão fortes quanto o personagem da revista em quadrinhos. Este pequeno trecho dá uma boa idéia do estilo de humor inocente utilizado pelo filme e também coloca lado a lado os dois personagens mais conhecidos de René Goscinny, o Petit Nicolas e o simpático gaulês Asterix.


Outro aspecto que salta aos olhos é a belissíma direção de arte, que mantém todo o espírito da obra de Goscinny e consegue criar umabela Paris e seus arredores dos anos 50 de maneira lúdica, nos remetendo um pouco aquela estética da Paris de Jacques Tati com seu inesquecível Monsieur Hulot.

O humor colocado no filme Mon Oncle, novamente, nos vem a lembrança diante das tramas envolvidas neste outro filme indicado. E eu fico pensando: como se faz um enredo tão pueril se tornar tão atraente e envolvente, a ponto de guardar os momentos com uma doce lembrança de provocar sorriso nos lábios? Qual é a genialidade que permite isso? Somente o cinema francês é capaz de tratar a história com humor sem cair no enfado de tantos outros filmes de comédia. Exagero?

E porque é uma produção francesa o filme está apenas no circuito de sala de arte, onde quase as crianças não comparecem. Só porque é europeu, ou asiático não merece estar nas grandes salas? Com isso todos perdem. Enfim, melhor eu parar por aqui…

Vale a pena dizer: o filme é maravilhoso!



Levic