Vale a pena ser feliz

domingo, 30 de agosto de 2009

Ópera Francesa - romantismo

Antes de tudo, sinto necessidade de um pequeno resumo sobre o movimento do romantismo nos países já vistos que são a Itália, Alemanha e França, sem ainda falar dos outros.

O romantismo na França propagou os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade pregados pela Revolução Francesa. Os românticos que haviam acreditado e se engajado nos princípios revolucionários, logo perceberam que as transformações sociais almejadas não ocorreram e que a liberdade não foi amplamente traduzida em igualdade. Portanto, o que marca a segunda geração do romantismo é um sentimento de frustração e desencanto.

Os compositores buscam liberdade de expressão. Para isso, flexibilizam a forma e valorizam a emoção. Exploram as potencialidades da orquestra e também cultivam a interpretação solo. Resgatam temas populares e folclóricos, que dão ao romantismo caráter nacionalista.

A transição do classicismo musical, que acontece já no século XVIII, para o romantismo é representada pela última fase da obra do compositor alemão Ludwig van Beethoven(1770-1827). As tendências românticas consolidam-se depois com Carl Maria von Weber (1786-1826) e Franz Schubert (1797-1828).

O apogeu, em meados do século XIX, é atingido principalmente com Felix Mendelssohn (1809-1847), autor de "Sonho de uma Noite de Verão", Hector Berlioz (1803-1869), Robert Schumann (1810-1856), Frédéric Chopin (1810-1849) e Franz Liszt (1811-1886).

No fim do século XIX, o grande romântico é Richard Wagner (1813-1883), autor das óperas românticas "O Navio Fantasma" e "Tristão e Isolda".

A ópera tradicional dos italianos prosseguiu numa sucessão ininterrupta através das obras de compositores como Rossini, Bellini e Donizetti, atingindo a sua expressão mais plena nas óperas de Giuseppe Verdi.

A ópera romântica alemã, que recebeu o seu primeiro impulso das óperas de Weber, transformou-se, através dos dotes únicos de Richard Wagner, num tipo especial de ópera, denominado, pelo compositor, "drama musical".

As influências combinadas de Gluck, da Revolução Francesa e do Império Napoleônico fizeram de Paris a capital da Europa na primeira metade do século XIX, favorecendo aí o desenvolvimento de um determinado tipo de ópera séria, onde se conjugam o carácter heróico com a forte tensão dramática dos enredos de libertação, exprimindo uma atmosfera solene.

Com a ascensão de uma classe média numerosa e cada vez mais influente, a partir de 1820, surgiu um novo tipo de ópera, destinado a cativar o público relativamente inculto que enchia os teatros de ópera em busca de emoções e divertimento.

A grande ópera, como veio a ficar conhecido este novo tipo de ópera, dava tanta importância ao espectáculo como à música, seguindo a tendência dominante na França desde o tempo de Lully, onde os libretos eram concebidos de forma a explorar todas as oportunidades possíveis de introduzir bailados, coros e cenas de multidão.

Nessa altura, a ópera apresentava frequentemente intrigas violentas e envolvimentos sociais duvidosos, resultando num tratamento melodramático que tendia a explorar momentos individuais de crise.

Na França, a ópera assumiu uma feição mais lírica, mais fina, o que veio a repercutir, por sua vez, na Itália de 1900, que era uma província cultural da França, onde se liam mais livros franceses do que italianos.

A ópera francesa, que durante muitos anos representou uma luta entre a veia nacional da "opéra comique" e o estilo pretensioso da "Grand Opéra" de Paris, foi rejuvenescida nos últimos anos do século pelo aparecimento de um movimento genuinamente nacional, representado pelas óperas líricas de Gounod, Massenet e outros.

A única ópera dramática, "Carmen", uma obra de Bizet, que fez a sua aparição nesta altura dos acontecimentos, está muito avançada em relação ao nível geral deste movimento e não criou uma escola de ópera na França propriamente dita. Mas ela, por fim, faz com que uma influência francesa aja diretamente sobre a Itália. Faz, também, com que a nova geração de compositores de óperas volte ao caminho dos fortes efeitos dramáticos.

É dessa época que vamos falar de alguns compositores franceses que mais sobressairam no campo das óperas.

Hector Berlioz (1803-1869), compositor do alto romantismo francês, essencialmente dramático, escreveu muita música sinfônica e religiosa, sendo mais conhecido por sua Sinfonia Fantástica (1830) e por seu Tratado de Instrumentação e Orquestração. Sua obra "Romeu e Julieta" é muito apeciada.

Desde cedo, o compositor identificou-se com o alto romasntismo francês. Entre outros, eram amigos dele os escritores Alexandre Dumas, Victor Hugo e Honoré de Balzac.

No campo da ópera, compôs algumas pérolas do romantismo, como "Béatrice et Bénédict" (1862), "La Damnation de Faust" (1846), que alguns consideram sua obra-prima) e "Les Troyens" (1859).

A Marcha Húngara da ópera "A Danação de Fausto".


A ária de Marguerite " D'mour l'ardente Flamme" cantada por Vesselina Kasarova.


Assista à pungente interpretação de Susan Graham da ária de Marguerite -D'Amour, l'ardente flamme- em La Damnation de Faust, de Berlioz( a mesma da de cima). Montagem de 2002 em Bruxelas, regida por Antonio Pappano.


Camille Sain-Saens(1835- 1921), conhecia música profundamente, familiarizado com as obras dos grandes compositores europeus antigos e modernos.Mas ele se interessava também pela ciência, literatura e filosofia, tendo escrito livros sobre estes assuntos.

Fez versos, uma comédia, e escreveu ele mesmo os libretos de várias de suas óperas.

A obra de Camille Saint-Saëns
é imensa, tendo criado sinfonias, concertos para piano e violino, peças para órgão, música vocal e instrumental, sacra e profana. Entre as peças mais conhecidas deste compositor, podemos citar: o Concerto para violino no. 3 em si menor (op. 61), a Danse Macabre, Introdução e Rondò Capriccioso para violino e orquestra (uma peça extremamente brilhante para o violino), e o Carnaval dos Animais.

Saint-Saëns compôs várias óperas, mas somente uma delas é tida pela posteridade como uma obra prima imortal: Samson et Dalila (Sansão e Dalila).

Denyce Graves, mezzo-soprano 'Mon coeur s'ouvre a ta voix' da ópera "Sampson et Dalila"



Charles Gounod (1818- 1893), criou a primeira ópera "Sapho", estreada em 1851. Várias óperas se seguiram, mas as mais importantes são "Fausto" (1859), "Mireille" (1864), "Roméo et Juliette" (1867) , sendo que todas as três estão entre as mais populares do repertório operístico francês.

Opera Fausto de Gounod, Nicolai Gedda canta o Acto III, cavatina "Salut, demeure chaste et pure".


Sumi Jo canta de Gounod "Romeo et Juliette" a ária "Je veux vivre dans ce reve". A seguir a mesma ária com Diana Damrau. Compare qual das duas é a melhor.





Ao rebentar a Guerra Franco-Prussiana (1870), Gounod se refugiou na Inglaterra, onde permaneceu até 1875. Lá, ele adquiriu uma amante inglesa, Georgina Weldon, e sua música fez grande sucesso na Inglaterra vitoriana.

Nos últimos anos de vida, Gounod só compôs música religiosa.

Daniel Fronçois Auber
(1782- 1871), foi o último grande representante da ópera cômica francesa. A sua colaboração com Scribe, a partir de 1823, contribuiu consideravelmente para a sua grande celebridade.

Escreveu cerca de 40 óperas ,entre elas, "Fra Diavolo", "Os Diamantes da Coroa", "Le Domino Noir", óperas-bailados e uma grande ópera, que é "A muda de Portici", a sua obra mais brilhante e mais popular, onde reflete o espírito dos movimentos revolucionários de 1830.

Aria Act III "Je vois marcher sous ma bannière", cantada por Philippe Do, da ópera "Fra Diavolo" é o que mostra o vídeo abaixo
:


Numa versão mais moderna, em 2008, Benjamin Loomes canta "Young Agnes" da ópera "Fra Diavolo".


Embora hoje seja um compositor quase relegado foi muito admirado e estimado em sua época. Rossini e Wagner apreciavam muito a sua música.

Levic

2 comentários:

George Luis disse...

Você deveria escrever um livro!!!

:)

Anônimo disse...

Adorei seu blog ajudou muito em um trabalho de escola!